sábado, 9 de março de 2013

Dias cinzas

Na inspiração dos dias frios, chuvosos e cinzas, havia algo que  me despertava uma sensação de  bem estar e tranquilidade. Tudo parece ficar mais sóbrio e o ar de melancolia me trás sensações boas de nostalgia, as quais nunca reveladas. Os pensamentos fluem. Nesses longos e intermináveis dias estranhos a gente sempre acha que sabe tudo sobre a vida, pensamos demais e sentimos pouco.
Sobre a mesa, cigarros e xícaras vazias de café. Costumo me matar um pouco nos dias cinzas. Eu contava cada gota de água que caía sobre o vidro da janela e achava aquilo sensacional. Eu era estranho e complicado demais para as pessoas, não as entendia e elas me recriminavam por não me entender, vez ou outra encontrava uma pessoa interessante e o laço de amizade ia se fortalecendo, apesar de não lidar bem com elas havia algo de intenso em mim, quando sei que algo vai valer a pena, eu me entrego por total, e ai coisas sem relevância e minusculas viram decepções. Os dias cinzas me traziam isso, intensidade.
Não gostava de nada. Preferia filmes, livros, cafés, cigarros e álcool a pessoas, são mais suportáveis. Me sentia como Bukowski todos os dias sendo uma soma de todos os erros. E era.
Nesses dias costumo deixar os pensamentos mais absurdos invadirem mina cabeça. Eu era um lunático e um psicótico. Me sentia melhor sozinho nesses dias, coisa doida. Me pegava olhando para o céu admirando a sua cinzes, o frio pedindo para entrar e a chuva caindo sem parar, uma beleza tremenda.
Simpatizava com dias cinzas por termos muito em comum. Eu não gostava do mundo, mas de qualquer forma eu gostava de me sentir estranho a tudo, a todos.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O problema dos 20 e poucos anos


Ter 20 e poucos anos é como ser da classe média. Você não é suficientemente pobre para te darem um auxílio, e nem suficientemente rico para não precisar de ajuda. Ter 20 e poucos anos é, possivelmente, a fase mais difícil de (se) entender.
Sempre tive muita sorte com coisas de colégio. Não importava o que eu fizesse, as pessoas olhavam com admiração e respeito por, mesmo tão novo, estar realizando bons projetos. Confesso ter me acostumado com essa ideia que esteve presente desde os primeiro anos de escola até o vestibular. E, com isso, me distanciei da realidade.
Agora com 23 anos não importa o que eu faça, pode ser um projeto enorme com 50 gigantes entre as revistas de moda do mundo ou uma entrevista exclusiva com um grande designer, a sensação do relógio ter parado é sempre a mesma. Você entra em um fluxo em que nada pode ser feito a não ser trabalhar e esperar pelo melhor. Não temos mais idade para sermos considerados prodígios, e nem mesmo para sermos levados em consideração de uma forma respeitosa em relação a nossas experiências. Nós ficamos nesse meio entre a imaturidade e a maturidade, um meio que não diz nada, não paga as contas e não te deixa feliz.
Possivelmente, ter 20 e poucos anos seja um período exclusivo para amadurecer e perceber, caso ainda não tenha passado por isso, como a realidade, cruel e simplesmente, é. Ter 20 e poucos anos é assumir que você, mesmo no canto mais profundo do seu coração, ainda é um adolescente perdido na terra de gigantes experientes que irão, mais cedo ou mais tarde, te escravizar nesse sistema que chamamos de ‘independência financeira’. É fazer, não importa o que, e esperar pelo melhor resultado se conformando de que ele não virá agora.
Talvez a grande lição dos 20 e poucos anos seja aprender que o equilíbrio só acontece quando você abre mão de coisas importantes. Que perder dói, que vencer envolve sacrifícios que você nunca imaginou passar e que, inevitavelmente, uma hora você se sentirá uma alma perdida em uma imensidão escura.
Ter 20 e poucos anos é aceitar a si mesmo, sua família e seus amigos e, sobretudo, se apegar a eles como se fossem o último fósforo da caixinha. Aquele palitinho que te salva caso você caia na escuridão profunda. Mas é também a hora de se arriscar, de tentar, de quebrar a cara e de esquecer, de uma vez por todas, que algo pode ser definitivo. ‘Tudo é definitivo até mudar’, me disse uma vez um professor de física no colégio. É hora de perceber que você consegue passar por dificuldades nunca antes cogitadas, de perceber que 5 reais gastos de uma forma estúpida podem fazer falta… e farão.
Os 20 e poucos anos separam os meninos dos homens.

Texto: Gregory Martins 

Desgaste.

Encontro-me em um estado desgastante. A rotina sufoca. O não ser me deixa distante. O tempo perdeu-se e não consigo mais o achar. As pessoas me cansam, não valia a pena confiar em nenhum outro ser humano. Sinto-me não sair do mesmo lugar. As decepções viraram rotina. Sinto cheiro de fracasso. As manhãs não são tão belas e as tardes esquecidas com o cansaço. A distração é escrever.
Suspiros. Me encontrava em um estado de completamente desesperança.
Estranha essa sensação de conformidade mesmo não me conformando com nada. Em um dia sabia exatamente o queria, no outro não tinha certeza de nada.
Estava parado como em um congestionamento em uma avenida principal qualquer, cheguei em uma fase em que nada faz sentido, tudo me parece um monte de merda e meu relacionamento mais sério é com as minhas botas sujas que não consigo desapegar. As horas nos atropelam e o tempo passa tão rápido que assusta.
Queria apenas o direito de escolha que nunca me foi concedido.
Não é bom pensar, o fim é sempre igual.  

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Saudade

Primeiras horas da manhã. Acordo cedo e não consigo mais dormir. A saudade bateu em minha porta. Chegou, assim, de mansinho, sem pretender ficar muito tempo, mas ficou, e quando vi ela já tomara conta de mim.
Aquele dia fiquei sem dormir, na verdade, acordei-me três horas depois de ter levantado. Sexta xícara de café, amarga como a vida. Andava de um lado para o outro, afim de uma outra distração que não fosse aquela, mas não da pra se esconder dela, quando menos esperamos a danada está ali, a nossa frente, pronta para invadir.
Ora, é estranho eu tentar falar de saudade, ás vezes á sinto de momentos e pessoas que nem existiram em minha vida, triste solidão. Mas também a percebo quando a falta de alguém e de certos momentos invade-me e produz efeitos catastróficos em meu coração, ele se parte em mil pedacinhos e vai cravando seus pedaços pontudos pelo meu corpo, dor.
Sinto-me distante de mim mesmo, e ouço acusmatos em minha volta, tudo parece se esvair lentamente, assim como ela. Nessas horas já a percebo distante, mas sinto os efeitos que ela deixou dentro de mim e, sei que isso não foi um adeus. 

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Influências.

Neste exato momento parei para pensar sobre as convivências do dia dia, precisava escrever sobre isso, pois é assustador o número de seres que não possui um minimo de opinião própria e personalidade própria, esses estão cada vez mais ausente nos dias atuais. Incrível como nos deixamos influenciar por pessoas que abominamos por suas atitudes mais grotescas, mas quando menos esperamos estamos agindo como elas, sem perceber.
Se pudesse passava horas só observando as pessoas, como são influenciáveis, seus gestos, suas opiniões, suas atitudes, reparo muito nesses mínimos detalhes, por exemplo, se uma pessoa tem uma opinião diferente, ou, simplesmente não concorda com a opinião da outra pessoa, ela cala-se diante disso e, não defende as suas ideias, tem tantos exemplos grotescos que poderia citar aqui, mas prefiro me limitar-se aos principais.
É claro que a mídia tem um papel influenciável perante a sociedade, e como tem. Cadê a cultura da TV aberta? está cada vez mais fraca e, os maus exemplos que encontramos nas novelas e em outros programas televisivos que prefiro não citar aqui estão nos deixando 'bobos', perdendo a capacidade de pensar e agir por si própria, pra que tanta repercussão em assuntos patéticos e desnecessários?
A alienação está em alta, nunca ouve-se falar tanto em povo alienado. Não estou aqui pra criticar quem assiste a certos programas de TV, não tenho esse direito, só acho que estamos dando vasão demais a certos assuntos e esquecendo assuntos de suma importância.
A questão é, até quando vamos ficar e tentar viver a vida dos outros?
Até quando vamos nos deixar influenciar por modinhas e opiniões estúpidas?
Até quando vamos querer ser aquilo que não somos?
A sociedade não racionalista não sabe o que quer.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Assinado: Eu

Parecem inaceitáveis minhas decisões. Eu sei. Sinto que eu sempre devo explicações, ainda não adquiri minha total independência, e agora estou aqui sem reações. Mas em toda história é nossa obrigação saber seguir em frente, seja lá qual direção. Parei de fazer planos, parei de antecipar as coisas, hoje eu simplesmente vou deixar que a vida me leve, sem desespero, sem precipitações.
Um peixe fora d'água. É assim que me sinto quase todos os dias, sem conseguir se encaixar em lugar algum, ás vezes acho que não pertenço a esse mundo, ou, talvez o que falte seria encontrar meu ponto de equilíbrio. A sociedade é muito hipócrita, as pessoas tem mente fechada, e isso também me irrita. Será que elas só aceitam o que acham que é aceitável vivendo em seus mundinhos e mentes fechadas e se conformam com isso? Ditam regras, se acham perfeitas, mas ao mesmo tempo se contradizem e julgam e te apontam sem ao menos te conhecer direito. Acho que falta um pouco de empatia nessa sociedade tosca, não generalizando, é claro, odeio generalizações. 
Eu e minhas digressões. Mas a verdade é que nunca vamos ter certeza de nada, a vida nos da algumas respostas, mas nada concretas. E eu resolvi não me preocupar tanto com as coisas também, eu resolvi alegrar os meus dias, sem deixar a tristeza invadir, apesar de que, ás vezes, a tristeza me conforta, é boa vez em quando, ninguém é feliz 24 horas por dia, se for, desconfie disso. 
Quero mudar a rotina todos os dias, inventar, reinventar. Não quero mais ter tempo pra pensar na vida, quero ousar numa outra saída.  

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Um instante inesquecível de sensibilidade humana:



"Se, por um instante, Deus se
esquecesse de que sou uma marionete
de trapo e me presenteasse com um
pedaço de vida, possivelmente não diria
tudo o que penso, mas, certamente pensaria
tudo o que digo.
Daria valor às coisas, não pelo o que valem,
mas pelo que significam.
Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que
a cada minuto que fechamos os olhos,
perdemos sessenta segundos de luz.
Andaria quando os demais parassem,
acordaria quando os outros dormem.
Escutaria quando os outros falassem
e gozaria um bom sorvete de chocolate.
Se Deus me presenteasse com um pedaço
de vida vestiria simplesmente , me
jogaria de bruços no solo,deixando
a descoberto não apenas meu corpo,
como minha alma.
Deus meu, se eu tivesse um coração,
escreveria meu ódio sobre o gelo e
esperaria que o sol saisse.
Pintaria com um sonho de Van Gogh
sobre estrelas um poema de Mário
Benedetti e uma canção de Serrat
seria a serenata que ofereceria à Lua.
Regaria as rosas com minhas lágrimas
para sentir a dor dos espinhos e o
encarnado beijo de suas pétalas.
Deus meu, se eu tivesse um pedaço
de vida!...
Não deixaria passar um só dia sem
dizer às gentes- te amo, te amo.
Convenceria cada mulher e cada homem
que são os meus favoritos e viveria
enamorado do amor.
Aos homens, lhes provaria como estão
enganados ao pensar que deixam de se
apaixonar quando envelhecem, sem saber
que envelhecem quando deixam de se
apaixonar.
A uma criança,lhe daria asas,mas
deixaria que aprendesse a voar sozinha.
Aos velhos ensinaria que a morte não
chega com a velhice, mas com o
esquecimento.
Tantas coisas aprendí com vocês,
os homens...
Aprendí que todo mundo quer viver no
cimo da montanha,sem saber que a
verdadeira felicidade está na forma
de subir a escarpa.
Aprendí que quando um recém-nascido
aperta com sua pequena mão pela
primeira vez o dedo do pai,
o tem prisioneiro para sempre.
Aprendí que um homem só tem o direito
de olhar um outro de cima para baixo
para ajudá-lo a levantar-se.
São tantas as coisas que pude aprender
com vocês,mas,finalmente não poderão
servir muito porque quando me olharem
dentro dessa maleta,infelizmente
estarei morrendo " 



          Gabriel García Márquez, em sua carta de despedida.